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SITE AJUDA CONSUMIDORES A ENCONTRAREM PEQUENOS COMERCIANTES.

14 Abril 2020


O Pede pelo Zap é uma das ações que apoiam e reconhecem a importância do comércio local

Desde o início da crise provocada pelo coronavírus, ficou claro que os donos de pequenos comércios seriam os mais impactados pelas medidas de contenção da doença. A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) foi uma das primeiras a alertar para o tamanho do estrago. Segundo a entidade, o setor do comércio e serviços teria um impacto negativo superior a R$ 100 bilhões nos próximos meses.

Não por acaso, a CNDL também foi uma das primeiras a lançar o grito de socorro para salvar os comerciantes com a campanha “Adote um Pequeno Negócio”. Essa foi uma das ações que se somaram a vários outros projetos como, por exemplo, a do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que criou um portal para orientar os empresários sobre a melhor maneira de agir neste período de isolamento social.

Agora, uma série de iniciativas da sociedade civil começa a surgir pelo país com o mesmo intui estender a mão ao pequeno comerciante e manter a roda do comércio local girando. Uma das mais bem-sucedidas experiências vem da cidade mineira de Montes Claros. Com uma ideia simples e um enorme senso comunitário, Fred Rocha, um especialista em varejo e consumo, criou uma ferramenta que conecta o desejo do consumidor com a necessidade do vendedor.

Fred criou site Pede pelo Zap, uma plataforma que une as três pontas fundamentais do comércio nesses tempos de pandemia: quem quer comprar, quem quer vender e quem pode entregar. Em pouco mais de três cliques a plataforma entrega os contatos de whatsapp dos comerciantes cadastrados no site. Tudo é tão simples e eficiente que, em pouco mais de uma semana, o site já contava com mais de 10 mil empresas de todo o território nacional. Falamos com Fred para ele dividir a sua experiência, inspirar outras pessoas e analisar esse momento pelo qual passar o pequeno varejista.

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De onde veio a ideia do Pede pelo Zap?

Surgiu de uma necessidade. Viajo por todo o Brasil dando palestra sobre varejo. Com a chegada do coronavírus, vários eventos foram cancelados e me vi obrigado a ficar em casa. Foi aí que senti que o impacto. Não conseguia encontrar nada na internet. O açougueiro, a frutaria, a padaria, nenhum pequeno comerciante tinha presença digital. Eu não sabia sequer o telefone da pamonharia que fica ao lado da minha casa.

Aí você pensou em digitalizar todo mundo.

Na verdade, tenho uma ligação muito forte com o varejo. Trabalho com isso. Eu só pensava em como poderia ajudar o pequeno negócio. O problema eu já sabia. Não conseguia achar os vendedores. A ideia do site veio na sequência. Fui para o computador e criei um formulário muito simples onde cadastrei o açougue, a mercearia, a distribuidora de bebida de cada bairro. Precisava de três campos: o produto, o telefone e a região de cada estabelecimento.

Tecnicamente parece muito simples

E é. Fiz tudo pelo Google. Chamei um colega que é desenvolvedor e ele criou o site. Tudo muito básico, sem pretensão, mas muito funcional. A ideia é pegar o Whatsapp de todos esses empresários e disponibilizar para quem quer comprar. Assim podemos fazer o nosso dinheiro circular e salvar muitos negócios. Tudo é gratuito para o comerciante. Não existe taxa. É uma ação comunitária.

Mas como foi para convencer os comerciantes?

Acho que foi fundamental procurar a orientação e parceria dos órgãos competentes. Fui à Câmara de Dirigentes Lojistas de Montes Claros, onde o presidente Ernandes Ferreira me deu todo o apoio. Ele falou com as lideranças e comerciantes e começou um movimento de liberação do delivery em toda a cidade. Até então, só produtos de alimentação estavam disponíveis para entregas. Fui à prefeitura de Montes Claros e falei com o secretário de desenvolvimento do município, Edilson Torquato. Essa articulação foi fundamental para o projeto ganhar corpo.

E como você vê esses movimentos, que você agora você também integra, de apoio ao pequeno comerciante?

Acho, antes de tudo, uma bela demonstração de espírito de comunidade. Essa será uma das coisas positivas que a passagem do coronavírus deixará. Passamos a nos preocupar com o outro e pensar na parte final da cadeia produtiva. Quando você olha para o mercadinho fechado, a padaria, ou lojinha do queijo de portas arriadas é que você entende a importância desses negócios. Tem também o aspecto econômico e social. O impacto na economia com toda essa gente parada dará a real dimensão desse setor.

O que você está fazendo com o site é uma espécie de ação emergencial. Como ficará as relações dos comerciantes com os clientes depois da pandemia?

Não tenho dúvida de que o que estamos vivendo agora é uma revolução forçada. O que aconteceria com o varejo nos próximos 10 anos está acontecendo em meses. Isso é um processo disruptivo. Nesse processo, muitos negócios devem quebrar. Talvez quebrariam de qualquer forma nos próximos anos por dificuldade de adequação ao ambiente digital. Acho que a partir de agora os comerciantes darão outro peso ao e-commerce, às vendas on line, etc. Nesse momento, estamos, de um maneira sensível e prática, tentando minimizar os problemas. Mas, depois dessa tempestade, o empresário vai ter que se transformar.

E em que momento você acha que estamos desse processo?

Hoje o que temos é algo parecido com uma corrida de Fórmula 1, onde o comércio é representado pelos carros. Nesse momento tem um safey car na pista que coloca todos os carros na mesma velocidade. O desafio desses carros, agora, é se manterem na corrida durante essas voltas lentas, economizando combustível para acelerar na relargada. Alguns negócios terão uma boa aceleração, outros sofrerão para seguir em frente. O que esperamos, e isso é o que temos feito aqui em Montes Claros, é dar condições para que os pequenos negócios cheguem minimamente preparados para reiniciar essa corrida.




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